“Alta, imensa, enigmática, a sua presença física é logo uma obsessão. Mas junta-se à perturbante realidade uma certeza ainda mais viva: a de todas as verdades locais emanarem dela (…)”.
É assim que Miguel Torga caracteriza, numa simples frase, aquilo que a Serra da Estrela verdadeiramente é.
É esta obsessão que queremos que sinta neste roteiro e que passe a observar a Serra da Estrela com outros olhos e, acima de tudo, com outro sentimento.
No fundo, algo que vai perdurar na sua memória… para sempre.
As “verdades” que emanam da serra iniciam-se no Puralã Wool Valley Hotel & Spa e aqui a atração da montanha, como de um íman se tratasse, já se faz sentir logo que entra no seu automóvel.
Nível Médio | 1.40 km
Nome Completo | Pontos de Interesse | Altitude (m) | Descrição (resumida) |
Início / fim (Estacionamento à direita, visível a escultura em honra de Nossa Senhora da Boa Estrela) |
1 | 1850 | - |
Covão do Boi | 2 | 1860 | Amplo arrelvado, dominado pela gramínea Nardus stricta, vulgarmente conhecida por Cervum e que constituem estes típicos arrelvados de altitude. Local preferencial de pastagens de Verão é nestes habitats que podemos encontrar várias plantas, que saltam à vista em alguns períodos do ano. As espécies florísticas mais comuns e de fácil identificação são as Campainhas-amarelas, o Açafrão-da-Primavera, o Açafrão-bravo, a Fritilária, a Campânula, a Merendeira, a Genciana-das-turfeiras entre outras várias espécies que vão deliciar quem realizar esta pequena incursão fora da estrada. |
Cântaro Raso | 3 | 1885 | Parte integrante do conjunto rochoso dos Cântaros (Raso, Magro e Gordo) trata-se de um planalto granítico ladeado por declives acentuados. É nestas fendas sombrias que podemos encontrar um dos endemismos florísticos da Serra da Estrela: a Silene floetida subespécie floetida. A nível arbustivo, neste planalto exposto a amplitudes térmicas extremas e por vezes a ventos ciclónicos, podemos encontrar o Zimbro-alpino, o Piorno-da-Estrela e algumas espécies de urzes, como a Urze-branca e Urze-vermelha. O Zimbro-alpino é a espécie de arbusto dominante neste território e a sua forma oval / circular, compacta e densa está perfeitamente adaptado a este habitat austero. Produz pequenas bagas negro-azuladas, colhidas para a “confeção” da Aguardente de Zimbro, de gin e também como ingrediente na gastronomia, principalmente para a aromatização de carnes. |
Nível Fácil | 1.03 km
Nome Completo | Pontos de Interesse | Altitude (m) | Descrição (resumida) |
Início / fim (Estacionamento à direita) |
1 | 1850 | - |
Salgadeiras 1 | 2 | 1850 | Pequenos lagoachos temporários que se formam em depressões que foram criadas pelo arranque das lajes de granítico por parte do glaciar. É nestes pequenos lagoachos e em seu redor que podemos conhecer algumas das espécies de flora muito próprias da Serra da Estrela. Aqui podemos encontrar plantas aquáticas, como as várias espécies de ranúnculos, juncos, a Antinoria agrostidea e a relíquia ártico-alpina Espadana-de-folhas-estreitas, que só habita em 6 lagoas na Serra da Estrela e que encontra nestas lagoas de águas ligeiramente ácidas e pobres em nutrientes, o seu único habitat em Portugal. Nas margens, podemos encontrar turfeiras dominadas por esfagnos (musgos), onde se pode encontrar, por exemplo, a Orvalhinha, uma planta de características insectívoras muito especializadas. |
Salgadeiras 2 | 3 | 1850 | |
Salgadeiras 3 | 4 | 1850 | |
Cadeirão de Viriato | 5 | 1845 | Bloco granítico que se evidenciou por fenómenos de crioclastia ou gelifracção (fractura provocado pelo ciclo de fusão-congelamento da água), ganhando uma forma semelhante a um cadeirão ou mesmo uma “espreguiçadeira”. Neste habitat rochoso vive um dos mais conhecidos endemismo estrelense: a Lagartinha-da-montanha. Esta é considerada uma subespécie isolada e portanto de imperiosa protecção. Apenas vive acima dos 1400 metros de altitude até ao topo do Planalto Superior, sendo aqui que se situa 35% da área total de distribuição e concentrando cerca de 67% do total do efectivo populacional. Qualquer perturbação do seu habitat (doença, desastre ambiental, etc.) pode ser fatal para a sobrevivência da espécie. |
Salgadeiras 4 | 6 | 1850 | Comparativamente com os lagoachos anteriores, este é mais profundo, mantendo água todo o ano, pelo facto de ter sido criada numa depressão rochosa menos permeável / porosa. Esta depressão foi provocada pela abrasão da massa de gelo que arrancou as lajes da superfície e criando uma espécie de bacia de recepção, onde a água se acumula de forma permanente. |
Nível Fácil | 1.49 km
Nome Completo | Pontos de Interesse | Altitude (m) | Descrição (resumida) |
Início / fim (Estacionamento à direita e seguir a pé pela levada de cimento) |
1 | 1575 | - |
Lagoa do Covão do Forno | 2 | 1570 | Provavelmente a lagoa artificial mais bela da Serra da Estrela. Esta lagoa funciona como reservatório de água e regulador de caudal de um dos maiores projectos hidroeléctricos do país. No início do século XX criou-se a Empresa Hidroeléctrica da Serra da Estrela, que tinha como objectivo a exploração das águas da bacia do Rio Alva, da Ribeira de Caniça e de outras linhas de água da vertente Oeste da Serra da Estrela. Foram construídas no decorrer do século XX várias centrais eléctricas, várias barragens, condutas, canais de aducção, levadas, etc. Aqui podemos ver esta lagoa, agora explorada pela EDP, e o respectivo canal de aducção que provém da Lagoa Comprida e que sai para a câmara de carga (não visível neste percurso), que posteriormente controla a água para as condutas forçadas, que a encaminham para a primeira central eléctrica deste sistema em cascata: a central hidroeléctica do Sabugueiro II. |
Nível Fácil | 0.84 km
Nome Completo | Pontos de Interesse | Altitude (m) | Descrição (resumida) |
Início / fim (Estacionar e seguir a pé os 1.ºs metros em estrada de alcatrão. Cortar à esquerda para um caminho de terra) |
1 | 1470 | - |
Fragão do Corvo | 2 | 1440 | Promontório granítico que constitui um dos miradouros mais espectaculares da Serra da Estrela, com uma perspectiva inigualável sobre Manteigas, a parte jusante do Vale Glaciar do Zêzere, a Mata de São Lourenço e sobre os vastos campos de centeio de Campo Romão. Recomenda-se especialmente a parte final da Primavera e início de Verão, em que tudo é um mar de branco e amarelo intenso, colorido dado pelo mosaico de matos constituídos pela Giesta-branca, Piorno-da-Estrela e Caldoneiras. Daqui também é visível o Observatório Meteorológico, construído em 1882 com a finalidade de estudar o clima de montanha em Portugal. |
Nível Fácil | 4.86 km
Nome Completo | Pontos de Interesse | Altitude (m) | Descrição (resumida) |
Início / fim (Estacionamento num à esquerda na Cruz das Jugadas. Seguir indicações do painel informativo do percurso PR13MTG) |
1 | 1100 | Portela que marca a separação entre a bacia hidrográfica do Rio Zêzere e do Rio Mondego. A norte já são visíveis as pastagens verdejantes do vale do Covão de Santa Maria e o mosaico das pastagens / campos de agricultura dos planaltos do Alto Mondego. |
Capela de São Lourenço | 2 | 1190 | Capela de origem muito antiga. Documentos comprovam a sua reconstrução no início do séc. XVII (1612). Contudo, este local sempre foi um espaço de culto, provavelmente de reminiscência pagãs, sendo um destino para o culto de oração ao sol e às árvores. Para além da sua função religiosa, esta pequena capela serviu de apoio e abrigo a pastores, caçadores e mercadores. Em torno da mesma, são visíveis Carvalhos-negrais seculares, últimos resistentes da floresta primitiva local. |
Posto de Vigia de São Lourenço | 3 | 1170 |
Local de vista privilegiada, sendo visível deste ponto todo o perfil do Vale Glaciário do Zêzere, o vale encaixado da Ribeira de Leandres (onde se situa o Poço do Inferno) e uma perspectiva fantástica da vila de Manteigas. |
Faias | 4 | 1150 |
Um dos ex-libris naturais da Serra da Estrela, principalmente durante a estação do Outono. As faias (Fagus sylvatica) foram introduzidas no centro e norte do país, constituindo bosques cerrados e sombrios que se designam faiais, onde a espécie tem um carácter dominante. Podem atingir os 30 / 40 metros de altura e têm uma longevidade de 300 anos. Por ser uma árvore de folha caduca, as cores amarelas e laranjas das suas folhas criam cenários cénicos de outro mundo. Árvore de grande importância a nível ornamental e florestal é conhecida por ter mais de 250 usos diferentes, passando pela alimentação, pelas suas propriedades farmacêuticas / medicinais, uso da madeira e produção de pasta de papel. |
Casa do Leite | 5 | 1080 |
Local onde os pastores deixavam guardados os vasilhames, cântaros ou picheiros com leite resultante da ordenha dos rebanho, para que os mercadores e comerciantes os pudessem levantar. |
Nível Médio | 4.08 km
Nome Completo | Pontos de Interesse | Altitude (m) | Descrição (resumida) |
Estação de Biodiversidade do Vale do Zêzere (estacionamento junto à ponte que atravessa o Rio Zêzere. Seguir a pé pela estrada de terra que sobe o vale) |
1 | 1080 | A criação desta estação de biodiversidade tem como objectivo dar a conhecer aos visitantes as riquezas florísticas e faunísticas que podemos encontrar ao longo do vale do Zêzere. Os sete painéis funcionam como um guia de campo para, de forma fácil e ilustrativa, se possa conhecer algumas das riquezas naturais patentes neste território sem paralelo em Portugal. |
Painel 1 | 2 | 1085 | Primeiro painel interpretativo deste circuito, com uma retrospectiva sobre os animais mais emblemáticos deste território, como é o caso do Lagarto-de-água, da Truta-fario (ou truta-comum), da Rã-comum ou Rã-verde, entre outros seres vivos. |
Painel 2 | 3 | 1090 | Este painel aborda várias plantas emblemáticas deste território, englobando desde espécies aquáticas a espécies rupícolas, próprias de ambientes húmidos / fluviais. |
Painel 3 | 4 | 1100 | Esta área geográfica é fértil em flora endémica e perfeitamente adaptada a este ambiente de montanha. A sua morfologia é perfeita para uma relação profícua com insectos, já que estes são os principais veículos polinizadores neste tipo de territórios de características montanhosas. |
Painel 4 | 5 | 1110 | Painel interpretativo especialmente focado nas várias espécies de giestas. Este território é muito rico neste género de flora, fundamental não só a nível ecológico, mas também a nível rural, sendo utilizado como fertilizante, como cama para os animais e como “ingrediente de construção”, por exemplo, como revestimento dos abrigos dos rebanhos e pastores, conhecido por “colmo”. |
Painel 5 | 6 | 1120 | Os prados em Maio é a temática abordada neste 5.º painel interpretativo. Este período é extremamente fértil e intenso a nível de floração, típico das zonas de montanha, cujo período de floração é curto a nível espacial, mas extremamente intenso, colorido e fértil. |
Painel 6 | 7 | 1130 | Seguindo a mesma temática do painel anterior, este foca-se também na acção dos insectos na manutenção deste género de habitats, marcados não só por questões naturais, mas também por actividades silvo pastoris, fundamentais para a manutenção de paisagem seminatural. |
Painel 7 | 8 | 1170 | Estas zonas de habitats mistos naturais e rurais são muito ricos em insectos, ajudados igualmente pela presença de água em abundância que fomenta a proliferação de insectos. Este painel aborda várias espécies que podemos encontrar ao longo deste percurso interpretativo e que, sem apoio documental, nos passa totalmente despercebida. |
Painel 8 | 9 | 1175 | O Vale Glaciar do Zêzere é profícuo em várias espécies de borboletas amarelas / fritilárias. Este último painel aborda de uma forma clara e sucinta a diversidade de borboletas amarelas que podemos encontrar nesta área do vale. Através deste painel podemos conhecer melhor a variedade de espécies e a detectar as suas diferenças para uma correcta identificação quando observadas. |